Ocupa Sampa, após 40 dias no Anhangabaú, mudou-se para Praça do Ciclista, na Av. Paulista |
Guardas Civis Metropolitanis de São Paulo se recusam cada vez mais a andar com seu distintivo de identificação; No braço direito vê-se a imagem do bandeirante Borba Gato |
Por isso esse ano eu resolvi viajar um pouco e registrar a história do lado que ela geralmente não é contada: o lado da resistência, e não a versão hegemônica. Sei que muitos leitores podem preferir quando falo de personagens magníficos de tempos passados, conte sobre costumes estranhos de povos longínquos, ou narre aventuras de outras civilizações. Mas... bem, tenho que pensar no meu colega historiador do futuro e contar o que tenho visto. Falar sobre os quilombos de nosso tempo. Há grandes homens (e mulheres) no nosso tempo também, a maioria deles não é conhecida, uns moram com os pais, outros em repúblicas, outros em florestas, outros nas ruas.
Contagem Regressiva
JP 26/11/2011
Santxiê Tapuya (de cocar com penas azuis), líder espiritual da comunidade Fulni-ô "Santuário dos Pajés" |
Volto para o Planalto Central depois de 40 dias no Ocupa Sampa no Vale do Anhangabaú. Missão: a) ajudar a barrar o desmonte ruralista do Código Florestal; b) dar apoio aos caciques xinguanos Raoni Caiapó e Megaron Txucarramãe (que tinham uma audiência com o Ministro da Justiça); c) estar presente e atuante na tentativa de evitar a tragédia final na terra indígena fulni-ô “Santuário dos pajés”, a última terra indígena do DF. A decisão deve sair dia 29, mesmo dia da votação do código.
Donquixotismo, perda de tempo, loucura... Ouço esse tipo de coisa o tempo todo. Sei que os tratores dos ruralistas, as armas das forças de repressão, os muros dos palácios da capital onde pequenos grupos aristocráticos decidem as coisas, o culto ao dinheiro em nossa sociedade são forças tremendas e eu não passo dar de um professor de História viajando sem muito dinheiro no bolso. Mas e daí? Não vou me abster. Podem dizer que sou obstinado ou radical, mas talvez só assim se combata o radicalismo dos gananciosos. Sei que as próximas semanas terão impacto nos próximos séculos para a humanidade e a vida no planeta como um todo. Vai fazer diferença se nossos filhos terão água para beber, rio para brincar, se conhecerão tantas espécies de aves e peixes. Mas vejo que somos muitos e muitas Quixotes; pouquíssimos mesmos são os oligarcas gananciosos que querem isso. O grande problema não é o número de canalhas, mas a grande multidão calada de covardes que assistem a tudo apaticamente sem fazer nada.
Donquixotismo, perda de tempo, loucura... Ouço esse tipo de coisa o tempo todo. Sei que os tratores dos ruralistas, as armas das forças de repressão, os muros dos palácios da capital onde pequenos grupos aristocráticos decidem as coisas, o culto ao dinheiro em nossa sociedade são forças tremendas e eu não passo dar de um professor de História viajando sem muito dinheiro no bolso. Mas e daí? Não vou me abster. Podem dizer que sou obstinado ou radical, mas talvez só assim se combata o radicalismo dos gananciosos. Sei que as próximas semanas terão impacto nos próximos séculos para a humanidade e a vida no planeta como um todo. Vai fazer diferença se nossos filhos terão água para beber, rio para brincar, se conhecerão tantas espécies de aves e peixes. Mas vejo que somos muitos e muitas Quixotes; pouquíssimos mesmos são os oligarcas gananciosos que querem isso. O grande problema não é o número de canalhas, mas a grande multidão calada de covardes que assistem a tudo apaticamente sem fazer nada.
Exército Insurgente de Palhaços, grupo artístico/político do DF |
Durmo no santuário e me regenero da viagem e da violência da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, graças à força da natureza. Sigo para a “Praça dos três podreiras” pela manhã e me encontro com o Exército Revolucionário de Palhaços, armados com bom humor, buzinas e narizes vermelhos. Marchamos até o Congresso e "todas" as forças de repressão nos incomodam no caminho, do Exército aos seguranças da Presidência, sobretudo quando passamos em frente ao Planalto (só os dragões da Independência ficam paradinhos). Eu registro em vídeo os palhaços chegando para engrossar a manifestação em andamento na chapelaria do Congresso. Fazem barulho e graça, mostram a que vieram: “Pare o desmatamento ou eu monto acampamento!”. Sim, das grandes capitais só falta Brasília armar a barraca.
Cacique Raoni, Leandro Cruz, Cacique Megaron |
Pior seria ver mulheres, palhaços, índios e idosos sendo agredidos pela PM do DF durante um protesto pacífico pela demarcação do santuário. Eles não sabem o que fazem? Eu faço questão de explicar para eles, calmamente, mesmo enquanto me empurram e agridem por simplesmente estar filmando tudo.
Minha esperança está naquele que Santxiê chama de O Grande Tupã, que está em tudo e todos. Quando ele nos inspira no coração (através de nossa indignação e esperança), podemos escolher agir conforme o coração, ou não. Tomara que muita gente não o cale e se movimente conforme o máximo de suas possibilidades, ou o mundo não será como antes.
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DOCUMENTÁRIO: SAGRADA TERRA ESPECULADA, sobre a resistência do Santuário dos Pajés
Sagrada Terra Especulada(A luta contra o Setor Noroeste) Documentário - 70min from Muruá on Vimeo.
VIAGEM NO TEMPO: Os Últimos Tapuyas Meu relato sobre os conflitos de agosto e a história do povo Fulni-ô
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