Aproveitando o momento e tentando instrumentalizar um movimento que não ajudou a construir, o partido de Aldo Rebelo montou um acampamento em Brasília. No infame e injustamente chamado #OcupeBrasilia (com “e” mesmo)os estudantes filiados ao PCdoB têm alimentação, transporte, ônibus que os levam e trazem para tomar banho, banheiros químicos, um grande gerador alugado, tendas do tipo usada em camarotes de festa de peão, seguranças particulares contratados, líderes, pulseirinhas do tipo “área VIP”, visita de deputados que aplaudidos calorosamente (ou seria mimeticamente). Tudo isso custeado por instâncias partidárias, além de receber doações de alimento fornecidas diretamente pela Bancada Ruralista. Não é difícil notar, portanto, a diferença gritante entre o #OcupeBrasilia e todas as outras acampadas ao redor do mundo inclusive no Brasil (como #OcupaSampa, #OcupaRio, #OcupaSalvador, #OcupaBauru, etc.).
As demais “ocupas” do Brasil e do mundo têm por característica o fato de que essas ocupações de espaços públicos para a realização de manifestação permanente contra a ordem vigente surgem de maneira verdadeiramente autônoma, realizadas por pessoas que decidem por si mesmas participar, ajudando a organizar e a definir os rumos do movimento, sem se submeter a ordens superiores de dirigentes, nem de partidos, nem de setores do capital. Nesses espaços (como os formados em janeiro na raça Tahrir, em março na Plaza del Sol, em setembro em Wall Street, e em outubro no Anhangabaú) as pessoas são livres para propor debates, pautas e atividades a serem realizados.
Nas ocupas, na qual não se enquadra o acampamento da UNE, a solução dos problemas, inclusive estruturais, são encontradas juntos; no Ocupa Sampa, por exemplo, o sheique de uma mesquita, uma ONG e moradores da região central abriram suas portas ofereceram banho aos manifestantes; nessa mesma acampada um pequeno gerador a gasolina emprestado por um individuo abastecia os computadores até um inventor aparecer com o projeto de montagem de telhas foto voltaicas num projeto em que se envolveram voluntariamente diversos membros da acampada; no Ocupa Rio, a alternativa foi a criação de um sistema de geração de energia por dínamos movidos a pedalada. Nas ocupas, as pessoas não contam com agentes de segurança nem de limpeza contratados nos velhos moldes da divisão de trabalho; ao contrário, colaboram todos na limpeza e se revezam em turnos para proteger os companheiros contra as mais diversas ameaças (de modo especial, os agentes do próprio Estado). Um ponto positivo dessas acampadas é que elas não são exclusivas de estudantes, mas promovem o intercâmbio entre diversos setores da sociedade.
Nas ocupas, na qual não se enquadra o acampamento da UNE, a solução dos problemas, inclusive estruturais, são encontradas juntos; no Ocupa Sampa, por exemplo, o sheique de uma mesquita, uma ONG e moradores da região central abriram suas portas ofereceram banho aos manifestantes; nessa mesma acampada um pequeno gerador a gasolina emprestado por um individuo abastecia os computadores até um inventor aparecer com o projeto de montagem de telhas foto voltaicas num projeto em que se envolveram voluntariamente diversos membros da acampada; no Ocupa Rio, a alternativa foi a criação de um sistema de geração de energia por dínamos movidos a pedalada. Nas ocupas, as pessoas não contam com agentes de segurança nem de limpeza contratados nos velhos moldes da divisão de trabalho; ao contrário, colaboram todos na limpeza e se revezam em turnos para proteger os companheiros contra as mais diversas ameaças (de modo especial, os agentes do próprio Estado). Um ponto positivo dessas acampadas é que elas não são exclusivas de estudantes, mas promovem o intercâmbio entre diversos setores da sociedade.
No acampamento que a UNE (há anos dominada pelo PCdoB, graças a eleições sempre questionadas no que tange a lisura e a transparência do processo) o Capital (de onde vem) resolve tudo. Outra diferença é a pauta fechada e falta de espaço para a discordância. A UNE (ou melhor, a coalizão governista que manipula estudantes que se submetem à suserania do PCdoB) pretende, na verdade, desviar o foco, canalizar a energia revolucionária de uma geração, aparelhar o momentum, para evitar o crescimento de ondas de insatisfação com o Sistema.
Ocupa Poá: gaúchos também querem mudanças reais e profundas |
A pauta que a UNE diz carregar, além da meia-entrada para jogos da Copa 2014, é a Educação. Obviamente que ninguém é contra a Educação, que todos apóiam o aumento do investimento nessa área (quem acompanha minha coluna e meu blog sabe que a revolução da educação é minha luta). Isso tanto é verdade que em todas as acampadas autônomas que ocorreram (ou estão em andamento) no Brasil, via-se cartazes pedindo o aumento do investimento em Educação. Nessas acampadas autônomas também ocorrem aulas públicas, bibliotecas e outras ações práticas no que tange esse assunto.
Ocupa Salvador: revolução mundial com brasilidade |
Ao lado do #OcupeBrasilia, montou-se no mesmo dia uma estrutura com telão para os ruralistas assistirem à votação do código com os seus empregados que eles levaram de ônibus até Brasilia. Curioso ver que a maioria dos “apoiadores” do código foram para lá pagos por seus patrões fazendeiros e não faziam a menor ideia do que estava sendo votado chegando a afirmar que estavam lá por que o novo Código “é bão pra proteger as matas, né?”. Eles desciam dos ônibus e eram colocados em fila indiana, todos uniformizados, e eram “tocados” (como gado mesmo) por senhores de terno com megafone na mão. Desse QG dos latifundiários saíram as quentinhas que serviu de janta aos estudantes da UNE.
OcupE Brasília: acampamento com pulseirinha de rave com tudo pago pela base do Governo |
Na manhã de quarta, a Polícia do Senado (SPOL) apareceu para fazer no gramado do Congresso, aquilo que seus mandantes fizeram em larga escala no dia anterior: arrancar árvores. Apesar disso, a resistência continua e deve acampar com outros grupos interessados em mudanças reais, apesar do fake #ocupebrasilia da UNE querer fazer parecer que as demandas do país se resumem simplesmente a mais 2% do orçamento para a Educação e descontos para a Copa do Mundo.
Mas é importante reforçar que o acampamento convocado pela UNE é formado e dirigido por gente que apóia governos e o sistema que promovem a violência e a repressão às verdadeiras acampadas autônomas.
Cartaz em acampada de Madri reflete ideia de autonomia e libertação em relação aos partidos e políticos profissionais |
Sim, eu gosto de ver estudantes nas ruas. Defendo a educação. Mas acho que a educação precisa melhorar justamente para que as pessoas aumentem sua capacidade de pensar para não serem manipuladas tão facilmente. Torço para que, de algum modo, uma tomada de consciência e ampliação dos horizontes (inclusive no que tange a leitura) dos estudantes do acampamento governista. Torço para que eles queiram mais, questionem mais. E finalmente entendam que estão sendo usados pelo sistema excludente e destruidor que deveriam combater. Quem dera eles resolvam, depois da colônia de féria, tomar parte em acampadas de verdade, discutindo educação, o momento histórico atual, valores, justiça social, meio-ambiente e principalmente: Democracia Verdadeira.
É vergonhoso que um momento histórico, um movimento autônomo internacional, de seres humanos questionando o Sistema, esteja no Brasil sofrendo esse vil ataque de partidos políticos. As ocupações ao redor do mundo devem ser alertadas que esse tal #OcupeBrasilia não é isso que tenta parecer.
Devem ser avisados e o Brasil precisa saber que a população de Brasília é muito difícil de mobilizar.Cada um vive em sua ilha e fica satisfeito somos poucos mas somos muito loucos e quem puder vir com ou sem experiencia em acampadas seria de muita ajuda.Obrigado e abraços.
ResponderExcluirUps, foi mal, não li até o final..rs
ResponderExcluirdá pra apagar? (vergonha muita)
Parabéns, Leandro! O texto ficou ótimo. Mas falatarm os vídeos.
ResponderExcluirvou descarregar a máquina e editar ainda hoje
ResponderExcluirbem interessante.
ResponderExcluirFicou ótimo! muito bom ter um meio de saber o que realmente acontece nos lugares, pq até então achei que em brasília o acampamento fosse como os outros, tava comemorando rs. impressionantes as manobras que o governo faz...
ResponderExcluirBjo Leandro!
Moyra
Aviso à pelegada do ocupEbrasilia: OcupaBrasilia (planalto, congresso, ministérios, stf, etc) vai acontecer. Quando? Quantos? Sem maiores informações para vocês, apenas as seguintes: muitos... E de todas as cidades. Aguarde-nos.
ResponderExcluirestive em brasília ontem e fiquei bastante surpresa com o #ocupeBrasilia estava rolando um grande banho de mangueira no gramado, jogo de futebol com direito a traves e na tenda estava rolando um tecnobrega e sertanejo universitário...
ResponderExcluirPo galera do lado deste acampamento pelego colonia de ferias da UNE/PC do B tem o acampamento contra o novo código florestal que é tbm o verdadeiro ocupa brasília.Ontem fizemos uma mandala agroflorestal no gramado da espalnada, entramos em contato com entidades do mundo e eles vão pagar onibus pra virem de outras cidades pra cá pra gnt c manifestar...e chega ae vamo reflorestar a esplanada e transformar essa lógica do capital em um fluxo de vida e beleza como toda a natureza esbanja com seu firmamento.VALEU!!!Eu sou o Cabelo quem vier me procura q eu apresento a galera q não é pelega.É noís!!!
ResponderExcluirGalera. Cada um ocupa à sua maneira. Qual o problema de tomar banho de mangueira na cidade mais seca do mundo? Qual o problema de jogar futebol no país que vai sediar uma copa? Quanto a ser a favor do governo, não me parece ser nada imoral isso. Quem é contra esse governo, há 10 anos atrás era a favor. E olha que tinha mais miséira, mais desmatamento, menos hidrelétricas, menos universidades, o salário era infinitamente mais baixo e mmuito menos liberdade para protestar. Acampamento autorizado? Quem proibiu vocês de se acamparem? Vocês não têm idéia do que é se opor a um governo e sofrer oposição de um governo como era nos tempos de tucanato. Vocês não têm banheiro químico porque vão para suas suites tomar banhos na beira do lago Paranoá. Vocês não jogam futebol pq preferem fazer mandala. Os políticos que visitam o acampamento da UNE têm seus nomes divulgados pelo site da UNE. Se os políticos que apoiam vocês não foram lhes visitar é porque eles não têm com quem falar, pq vocês são um grupo, agem como grupo, criticam como grupo e nada têm para acrescentar para o país. É mais fácil para vocês escrever um enorme texto falando da UNE porque a pauta de vocês não deve preencher uma linha. Vocês querem parecer wall street, a UNE não. Ela tem cara própria.
ResponderExcluirkkkkk, ser de luta revolucionário e de vanguarda causa inveja e orjeriza por parte dessa galera que não discute NADA! É muito fácil criar um blogzinho qualquer e bancar o ecologicamente correto contra tudo e contra todos,fazendo contato com "as entidades do mundo", mas no fundo financiado por ong's estrangeiras quando o país precisa se desenvolver, aliando a sustentabilidade e crescimento, não vamos ficar aqui de papo furado, dizer que é contra a reforma do Código Florestal é discurso de quem quer conservar! A reforma do código é, antes de tudo uma questão de soberania nacional. Sabe aquilo que vocês chamam de pelegagem? Nós chamamos de diálogo, e pra conquistar as coisas que a gente tanto almeja é necessário que nós ocupemos os espaços pra debater e mostrar qual o nosso objetivo. E se você não consegue entender isso "Particularmente não consigo entender a lógica que o PCdoB tenta (e consegue) incutir na mente desses adolescentes (via UNE e UBES).", desculpe mais estou no partido que mais acredita e potencializa a juventude,no qual tenho muito orgulho de ser militante. Uma dica? VEM PRA LUTA QUE ELA CRESCE!
ResponderExcluirPessoal da UJS/PC do B/ UNE/ UBES, só pergunto uma coisa pra vocês. Se vocês chegarem a conclusão de que o código florestal não irá beneficiar o país, ou questionar os deslocamentos das populações e os impactos das obras da COPA e PAC, e forem acampar pra protestar, esses mesmos políticos legais irão apoiar vocês? será que esse "apoio" e esse diálogo não direciona a política do partido e entidades?
ResponderExcluirTenho outra provacação. Já que vocês são abertos ao diálogo, por que não promovem a interação entre o outro grupo. Quem sabe discutir a unificação desses dois movimentos, ou pelo menos garantir a troca de idéias. É um momento da juventude estar unida e discutir suas pautas.. né não?
ResponderExcluirGurizada, a UNE está pagando um mico gigante... PCdoB já morreu sem saber; código florestal dos ruralistas e belo monte de destruição são atrasos feios para o país; e acampada pelega é, repito, pagação de mico! É melhor voltarem para suas respectivas casinhas de cachorro antes que o povo esculache vocês, seus moleques, vendidos e sem noção.
ResponderExcluirO Lesmão,quer dizer o Gusmão, lembro dele no DCE da UNESP e da frase memorável que nunca mais vai sair da minha cabeça. "Mineiro, como você tem esse lance de ser honesto, eu vou ao banheiro pra falsificar as assinaturas", é esse o ser bizarro presidente da UNE, #vergonhaalheia
ResponderExcluirPelego... Não pelego... Sabe o que eu acho? É que vcs estão blefando! A juventude quer uma sociedade justa sim! Mas para querermos q o Brasil seja justo, não preciso ser uma porra de um socialista isolado! Afes, sejamos coerentes com a realidade de nosso país.
ResponderExcluirNem me fale sobre esse #ocupeBrasília, esses caras me enganaram. Eu cheguei a escrever notícias sobre esses figuras no site para o qual trabalho.
ResponderExcluirOdeio cair em armadilha de assessor de imprensa. Honestamente agora me sinto meio otário.
Há um abismo imenso entre "governo" e "oposição". A ponte que liga os dois lados é comumente descrita como "governabilidade". A fim de manter uma estrutura estável e agregante para o Partido, Movimento, DA, DCE ou afim os Dirigentes se submetem, ou melhor, se incorporam naquilo que antes desprezavam ou talvez sequer conheciam. Começam a tratar seu Movimento com a mesma ótica que tratam um negócio, profissionalizando seus "militantes", mas não nas ciências políticas ou comunicativas. Fazem conforme os pastores. Investem numa interpretação da palavra de Marx que seja prazerosa, estimulante e conciliadora. Em vez de orações temos palavras de ordem, que repetidas e repetidas mais, acabam quase que por osmose, contaminando quem primeiro vai ou primeiro comparece. Esse é o segredo do PCdoB e essa governabilidade acaba custando mais caro pra cultura política nacional do que a inexistência da estrutura que ela visa manter.
ResponderExcluirCarecemos de pensadores. Pensadores como quem escreveu essa matéria, que de antemão parabenizo, que são capazes de educar. Que mantém um discurso dentro daquilo que se julga correto, mas que não precisa prejudicar, agredir ou ofender ninguém pra se fazer ouvido. Muitos dos verdadeiros militantes não são bons educadores e não entendem que a postura sisuda, com dedo ereto e palavras prontas só é bom para os que já pertencem ao Movimento. No instante em que este abre a boca a ponte começa a ruir e se instala a condição que temos hoje. Uma UNE quase totalmente refém da governabilidade com aqueles que não são estudantes revolucionários. Por fim, dos escombros da ponte fizeram um vasto muro que, impenetrável, nunca há de misturar os dois lados novamente.
Que cada um que fizer parte de Movimento Estudantil tenha a maturidade pra se tornar educador e conciliar os dois lados a nível local. Sinto falta disso e sou construtor dessa ideia no DA e na Executiva que participo.