E a OAB-Ribeirão Bonito deve explicações à sociedade
por Leandro Cruz*
Ribeirão Bonito é um lugar bonito. Daquelas cidadezinhas agradáveis, com uma igrejinha bem graciosa. A localidade de pouco mais de 11 mil habitantes ainda não consta no Google Maps, mas fica no meio do estado de São Paulo, é, sobretudo, uma cidade cheirosa. O cheiro doce da cana de açúcar que domina o ar frio das noites de junho. Apesar da aparência, a cidade que compra de fora a maior parte de seu alimento não é pacata. Já existe por lá, por exemplo, a preocupação com a epidemia da droga 'oxi' que já começa a matar as pessoas da rua gelada e cheirosa.
Ontem, Aldo Rebelo (PCdoB), relator do projeto da emenda 164, que reforma o Código Florestal Brasileiro estava na cidade para proferir palestra sobre o tema em um evento organizado pela OAB 216a subseção, presidida por José Affonso Monteiro Celestino ( http://josecelestino.wordpress.com/ ). Três integrantes do Comitê em Defesa do Código Florestal – São Carlos (Eu, o estudante de Engenharia Ambiental da USP, Pedro Zannette; a estudante de Imagem e Som da Ufscar Natália) comparecemos para assistir à palestra. A presença de representantes do comitê já havia sido combinada anteriormente, como mostram os emails abaixo.
Nós três comparecemos pacificamente, sem tumulto nem mesmo manifestação. Queríamos ouvir ao vivo o lado da argumentação dos ruralistas. Somos contra as mudanças no código por todas as razões já elencadas em nossos panfletos, materiais didáticos e nesse blog. Simplesmente queríamos ouvir a palestra, e entregar aos demais espectadores um papel constando o endereço de nosso blog para que pudessem acessar e ver os argumentos do lado contrário às mudanças no Código caso se interessassem (veja abaixo o "panfleto" entregue pacificamente).
O cidadão Pedro deixou um desses papeis sobre a mesa do evento que acontecia no clube Primavera. No mesmo instante um homem grande que a princípio pensamos ser um "leão de chácara" do clube do local se aproxima agressivamente, agarra o estudante pelo pescoço e tenta tenta retirá-lo à força. A sequência de patética truculência continua com o suposto segurança empurrando convidados desarmados, tentando tomar a câmera de video dos membros do comitê à força. Não bastasse isso, o brutamontes de terno ainda agarraria a estudante Natalia, de 21 anos, à força, apertaria seu braço, arrancaria a garota à força do local da palestra e a empurraria violentamente, jogando-a para fora do local sem que a garota houvesse feito qualquer coisa contra as pessoas, a lei ou o evento.
Após ameaças e agressões contra nós, os a organização do evento chamou a Polícia para deter os três membros do comitê, a quem qualificaram como “manifestantes” e “baderneiros”. Três viaturas com policiais fortemente armados logo apareceram. Terminaríamos a noite na delegacia. Mas não seria na condição de acusados, poi nada fazíamos de errado ou inconstitucional. Iríamos para a delegacia como reclamantes, e registramos boletim de ocorrência contra o brutamontes cuja identidade secreta na verdade era: José Affonso Monteiro Celestino, o presidente da OAB local, ligado aos produtores de cana-de-açúcar paulistas.
Além disso, o presidente da OAB de Ribeirão Bonito, que arrancou os estudantes e o professor à força do local, não permitiu que os mesmos retirassem seus pertences que haviam deixado dentro do salão, o que inclui o material didático que o Comitê, formado por pessoas de diversos setores da sociedade civil organizada, usa nas suas atividades em escolas de São Carlos.
O que eles têm a esconder? Por que não nos deixam ouvir? Por que a imprensa “convencional” não estava presente para cobrir esse encontro do topo da cadeia do açúcar e álcool com o relator da reforma do Código Florestal? Por que nós, que temos uma opinião diferente da deles, não podemos sequer ouvi-los para tentar entender o ponto de vista deles? Por que não podemos convidar as pessoas a ouvirem também o nosso ponto de vista? O que não querem que nós saibamos? E por que não nos deixam falar? O que eles têm a esconder?
Nós não temos nada a esconder, nada do que nos envergonhar. Somos só pessoas, brasileiros que se preocupam com essa questão tão importante para todos nós, cidadãos; todos nós do Brasil, iguais perante a lei. Porque não podemos conversar?
O fato é que não estamos sozinhos. Não somos três perdidos em um clube. Não somos uma centena em São Carlos. Somos milhões de cidadãos de uma Democracia. Cidadão brasileiros que querem participar democraticamente dos debates e decisões de questões importantes como o futuro do Planeta e do País que queremos; da Terra e do Brasil que deixaremos para todos aqueles que vierem depois de nós, nos próximos anos e séculos.
Por isso somos estudantes, professores, advogados, nerds, músicos, malabares, ONGs, militantes políticos, desempregados, professores, secundaristas, castanheiros, gente que trabalha para o Estado, para empresas, para a comunidade. Gente de diversas idades, raças, lugares, talento. Mas que está junto por que compartilha do sentimento de que o que estão para fazer com a Natureza é um crime escandaloso, e de que devíamos ver cumpridos nossos direitos constitucionais de liberdade de pensamento e expressão.
Por isso continuaremos pacíficos e não-violentos, usando só a Força da Verdade. Continuaremos escrevendo e indo a escolas e conversando no boca-a-boca. Falando a nossa opinião. Não revidaremos a violência. Mas toda essa gente (estudantes, trabalhadores, desempregados, professores etc.) vai mostrar e dizer a verdade sobre como aqueles que querem impor o novo Código Florestal em Brasília é que são violentos.
Vamos sim mostrar o outro lado das coisas em nossos blogs, mesas de bar, praças, escolas, de baixo de nossas árvores. Por isso eu peço a todos que ajudem a divulgar esse vídeo, para todos os setores da sociedade saibam que existe um outro lado, sim. Mas que querem calar. Por que?
Nesse blog, as pessoas continuarão publicando o lado que os grandões não mostram. É uma luta de saci contra Golias. Ajudem a divulgar. Não se calem. Informem-se sobre o Código Florestal, forme opinião. Divulgue nas redes, usem a tag #codigoflorestal para debater nacionalmente. Continue acompanhando o blog e façam blogs. É muito importante. É um apelo de um compatriota. Nesse momento, peço que assistam e divulguem esse vídeo e tirem suas conclusões. O Brasil tem direito à Verdade. E nós temos também muitos Direitos inclusive garantidos por nossa Constituição.
Aldo Rebelo prometeu uma entrevista para nós. Certamente ele há de cumprir a promessa que não pode ser feita na noite de ontem devido às agressões que sofremos.
*LEANDRO CRUZ, 28, é professor de História e historiador formado pela Unesp-Franca. Abandonou os cursos de Jornalismo (Unesp-Bauru) no último ano e de publicidade no primeiro (e não se arrepende nenhum pouco). Fazia fanzines quando moleque e web sites quando a internet ainda engatinhava. Foi repórter, editor de Opinião, editor do Noticiário Internacional, editorialista e colunista do Jornal Comércio da Franca ( http://www.gcn.net.br/home/index.php ) entre 2005 e 2007. Fez trabalhos como comentarista político na Rádio Difusora de Franca no período em que trabalhava no JCN. Trabalhou produzindo conteúdo freelancer para o site Campo News (portal Tem Mais http://www.temmais.com/ ) Escreve semanalmente no Jornal do Povo (Cachoeira do Sul-RS www.jornaldopovo.com.br ) a coluna Viagem no Tempo, desde 2008. Mantém o blog Viagem no Tempo ( www.viagemnotempo.com.br ) desde 2009. Em 2003 idealizou o primeiro comitê ciberativista contra a Guerra do Iraque, quando militante do movimento est Unesp-Franca usando as “armas” da época (ICQ, Email, MIRC). É militante pelo direito à informação e membro do Comitê em Defesa do Código Florestal – São Carlos ( http://saocarlosemdefesadocodigoflorestal.blogspot.com/ )e colaborador do portal colaborativo Teia Livre ( www.teialivre.com.br )
Saiba mais sobre a postura da OAB Nacional sobre o Tema: http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=21862
Presidente da OAB de Ribeirão Bonito agride convidados durante palestra de Aldo Rebelo sobre o Código Florestal Brasileiro
por Leandro Cruz*
Ribeirão Bonito é um lugar bonito. Daquelas cidadezinhas agradáveis, com uma igrejinha bem graciosa. A localidade de pouco mais de 11 mil habitantes ainda não consta no Google Maps, mas fica no meio do estado de São Paulo, é, sobretudo, uma cidade cheirosa. O cheiro doce da cana de açúcar que domina o ar frio das noites de junho. Apesar da aparência, a cidade que compra de fora a maior parte de seu alimento não é pacata. Já existe por lá, por exemplo, a preocupação com a epidemia da droga 'oxi' que já começa a matar as pessoas da rua gelada e cheirosa.
Ontem, Aldo Rebelo (PCdoB), relator do projeto da emenda 164, que reforma o Código Florestal Brasileiro estava na cidade para proferir palestra sobre o tema em um evento organizado pela OAB 216a subseção, presidida por José Affonso Monteiro Celestino ( http://josecelestino.wordpress.com/ ). Três integrantes do Comitê em Defesa do Código Florestal – São Carlos (Eu, o estudante de Engenharia Ambiental da USP, Pedro Zannette; a estudante de Imagem e Som da Ufscar Natália) comparecemos para assistir à palestra. A presença de representantes do comitê já havia sido combinada anteriormente, como mostram os emails abaixo.
Nós três comparecemos pacificamente, sem tumulto nem mesmo manifestação. Queríamos ouvir ao vivo o lado da argumentação dos ruralistas. Somos contra as mudanças no código por todas as razões já elencadas em nossos panfletos, materiais didáticos e nesse blog. Simplesmente queríamos ouvir a palestra, e entregar aos demais espectadores um papel constando o endereço de nosso blog para que pudessem acessar e ver os argumentos do lado contrário às mudanças no Código caso se interessassem (veja abaixo o "panfleto" entregue pacificamente).
O cidadão Pedro deixou um desses papeis sobre a mesa do evento que acontecia no clube Primavera. No mesmo instante um homem grande que a princípio pensamos ser um "leão de chácara" do clube do local se aproxima agressivamente, agarra o estudante pelo pescoço e tenta tenta retirá-lo à força. A sequência de patética truculência continua com o suposto segurança empurrando convidados desarmados, tentando tomar a câmera de video dos membros do comitê à força. Não bastasse isso, o brutamontes de terno ainda agarraria a estudante Natalia, de 21 anos, à força, apertaria seu braço, arrancaria a garota à força do local da palestra e a empurraria violentamente, jogando-a para fora do local sem que a garota houvesse feito qualquer coisa contra as pessoas, a lei ou o evento.
Após ameaças e agressões contra nós, os a organização do evento chamou a Polícia para deter os três membros do comitê, a quem qualificaram como “manifestantes” e “baderneiros”. Três viaturas com policiais fortemente armados logo apareceram. Terminaríamos a noite na delegacia. Mas não seria na condição de acusados, poi nada fazíamos de errado ou inconstitucional. Iríamos para a delegacia como reclamantes, e registramos boletim de ocorrência contra o brutamontes cuja identidade secreta na verdade era: José Affonso Monteiro Celestino, o presidente da OAB local, ligado aos produtores de cana-de-açúcar paulistas.
Além disso, o presidente da OAB de Ribeirão Bonito, que arrancou os estudantes e o professor à força do local, não permitiu que os mesmos retirassem seus pertences que haviam deixado dentro do salão, o que inclui o material didático que o Comitê, formado por pessoas de diversos setores da sociedade civil organizada, usa nas suas atividades em escolas de São Carlos.
O que eles têm a esconder? Por que não nos deixam ouvir? Por que a imprensa “convencional” não estava presente para cobrir esse encontro do topo da cadeia do açúcar e álcool com o relator da reforma do Código Florestal? Por que nós, que temos uma opinião diferente da deles, não podemos sequer ouvi-los para tentar entender o ponto de vista deles? Por que não podemos convidar as pessoas a ouvirem também o nosso ponto de vista? O que não querem que nós saibamos? E por que não nos deixam falar? O que eles têm a esconder?
Nós não temos nada a esconder, nada do que nos envergonhar. Somos só pessoas, brasileiros que se preocupam com essa questão tão importante para todos nós, cidadãos; todos nós do Brasil, iguais perante a lei. Porque não podemos conversar?
O fato é que não estamos sozinhos. Não somos três perdidos em um clube. Não somos uma centena em São Carlos. Somos milhões de cidadãos de uma Democracia. Cidadão brasileiros que querem participar democraticamente dos debates e decisões de questões importantes como o futuro do Planeta e do País que queremos; da Terra e do Brasil que deixaremos para todos aqueles que vierem depois de nós, nos próximos anos e séculos.
Por isso somos estudantes, professores, advogados, nerds, músicos, malabares, ONGs, militantes políticos, desempregados, professores, secundaristas, castanheiros, gente que trabalha para o Estado, para empresas, para a comunidade. Gente de diversas idades, raças, lugares, talento. Mas que está junto por que compartilha do sentimento de que o que estão para fazer com a Natureza é um crime escandaloso, e de que devíamos ver cumpridos nossos direitos constitucionais de liberdade de pensamento e expressão.
Por isso continuaremos pacíficos e não-violentos, usando só a Força da Verdade. Continuaremos escrevendo e indo a escolas e conversando no boca-a-boca. Falando a nossa opinião. Não revidaremos a violência. Mas toda essa gente (estudantes, trabalhadores, desempregados, professores etc.) vai mostrar e dizer a verdade sobre como aqueles que querem impor o novo Código Florestal em Brasília é que são violentos.
Vamos sim mostrar o outro lado das coisas em nossos blogs, mesas de bar, praças, escolas, de baixo de nossas árvores. Por isso eu peço a todos que ajudem a divulgar esse vídeo, para todos os setores da sociedade saibam que existe um outro lado, sim. Mas que querem calar. Por que?
Nesse blog, as pessoas continuarão publicando o lado que os grandões não mostram. É uma luta de saci contra Golias. Ajudem a divulgar. Não se calem. Informem-se sobre o Código Florestal, forme opinião. Divulgue nas redes, usem a tag #codigoflorestal para debater nacionalmente. Continue acompanhando o blog e façam blogs. É muito importante. É um apelo de um compatriota. Nesse momento, peço que assistam e divulguem esse vídeo e tirem suas conclusões. O Brasil tem direito à Verdade. E nós temos também muitos Direitos inclusive garantidos por nossa Constituição.
Aldo Rebelo prometeu uma entrevista para nós. Certamente ele há de cumprir a promessa que não pode ser feita na noite de ontem devido às agressões que sofremos.
*LEANDRO CRUZ, 28, é professor de História e historiador formado pela Unesp-Franca. Abandonou os cursos de Jornalismo (Unesp-Bauru) no último ano e de publicidade no primeiro (e não se arrepende nenhum pouco). Fazia fanzines quando moleque e web sites quando a internet ainda engatinhava. Foi repórter, editor de Opinião, editor do Noticiário Internacional, editorialista e colunista do Jornal Comércio da Franca ( http://www.gcn.net.br/home/index.php ) entre 2005 e 2007. Fez trabalhos como comentarista político na Rádio Difusora de Franca no período em que trabalhava no JCN. Trabalhou produzindo conteúdo freelancer para o site Campo News (portal Tem Mais http://www.temmais.com/ ) Escreve semanalmente no Jornal do Povo (Cachoeira do Sul-RS www.jornaldopovo.com.br ) a coluna Viagem no Tempo, desde 2008. Mantém o blog Viagem no Tempo ( www.viagemnotempo.com.br ) desde 2009. Em 2003 idealizou o primeiro comitê ciberativista contra a Guerra do Iraque, quando militante do movimento est Unesp-Franca usando as “armas” da época (ICQ, Email, MIRC). É militante pelo direito à informação e membro do Comitê em Defesa do Código Florestal – São Carlos ( http://saocarlosemdefesadocodigoflorestal.blogspot.com/ )e colaborador do portal colaborativo Teia Livre ( www.teialivre.com.br )
Saiba mais sobre a postura da OAB Nacional sobre o Tema: http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=21862