sexta-feira, 17 de junho de 2011

Homenagem a um velho amigo


O ARTESÃO DO ARMAMENTO*

Não sou eu quem determina o destino do mundo.
Não sou eu quem começa as guerras.

Apenas sigo o meu caminho. Faço o meu trabalho.
Nada faço de errado.
Mas não sei.

E essa é a questão,
que sempre me atormenta.
Não quem determina,
e no entanto nada faço de mal.

Faço girar parafusos pequeninos com os meus dedos,
fabricando componentes de armas
que nos ameaçam a todos.
E ainda assim não sou eu quem determina
o destino que aparece diante de nós.

Eu poderia criar outro destino,
tornando o mundo seguro para todos aqueles
que anseiam viver a sua vida.

E então eu saberia
a razão sagrada,
o significado brilhante
da nossa existência.

Ninguém então poderia destruir-nos
com as suas acções
ou iludir-nos
com as suas palavras.

O mundo que eu ajudo a fazer
não é um mundo bom.
No entanto eu não sou mau.
E não fui eu que o inventei.
Mas será isso suficiente?

* Poesia escrita pelo jovem teatrólogo subversivo polonês Karol Wojtywa, durante a ocupação de seu país pelos nazistas

2 comentários:

  1. Figurino: engraçado... desempenho dramático: idem e também convincente... formato: interessante, bastante criativo.. conteúdo: sempre atual. Parabéns pelo empenho e pela expressão de suas capacidades !

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  2. Você é o cara!!! Deveriam fazer uma performance dessas nas universidades.

    Aqui na USP sempre tem música na hora do almoço, então fiquei pensando numa performance de algum outro personagem seu, sobre as iniquidades da educação universitária,sobre o falso moralismo da elite e morbidez do pensamento estudantil atual.

    Viva a liberdade da cabeça, do sexo casual, de qualquer coisa que eu quiser fumar e cheirar, da roupa que eu quiser vestir, de quem eu quiser amar, do que eu quiser falar, dos dragões, das borboletas, da prostituta bailarina que oferece amor com uma rosa... uhhuuuu!!!

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